segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AmorTe

O amor acordou. Sentindo-se cansado ainda...
Confuso sobre sua própria identidade.
"Eu existo, ou sou apenas um ópio criado pelo homem para amenizar o peso da existência deles?
Sou invenção divina, ou construído para justificar sofrimentos?"

Exausto de carregar um peso inventado, o amor suicidou-se.
Quem chorou essa morte?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

"Quanto vale uma lágrima"

O grande problema do mundo moderno? A pressa.
Aquele mesmo trajeto percorrido, no qual vemos mas não olhamos quanta beleza.
Escravos da rotina, nos esquecemos de sentir nosso lugar enquanto participante da natureza.
As novas flores que nasceram, a cor do mar, pessoas...
A caminho do que seria mais um dia estressante e corrido, não podia imaginar que 'alguém lá em cima' sabe mesmo o que faz.
O sorriso de uma pequena meNINA, fez chamar a atenção de um homem.
Em qualquer outro dia ele passaria invisível aos meus olhos.
Mas a forma como retornou ao sorriso dela, me fez sorrir também- sem saber bem por quê.
Ele não chamaria a sua atenção, acredite. E deixando a hipocrisia de lado, nem a minha.
Pés num tênis velho, única parte da indumentária era um short azul de tactel (tão sujo que demorei a distinguir a cor), corpo suado, mãos calejadas. No sorriso, faltavam dentes.
Nas mãos uma velha mala- cujo zíper parecia não funcionar há tempos- com pouco volume.
Nos olhos... Aí vem a surpresa. Olhos de criança curiosa. Inocência boa. de quem não se permitiu tal escravidão.
Se disse um 'andante' apaixonado pela natureza, principalmente Búzios.
Apesar de começar a despertar em mim interesse, era com as crianças que ele queria conversar.
E o momento mais longo do dia (esperar o transporte) passou em um segundo, contra a minha vontade.
Essa Carol se transformou numa criança, sentada com suas crianças, com olhos curiosos e ouvidos bem abertos para tantas histórias de vida.
Só conseguia pensar que a beleza vem apenas da SIMPLICIDADE.
Nada que não seja simples, é bonito de verdade.
E como se não bastasse tantos avisos que a vida quis me dar com esse encontro, ele tira de sua mala suja, um saco plástico, contendo outro saco plástico; dentro um livro: "QUANTO VALE UMA LÁGRIMA" (nunca mais esqueço esse título!); 'Crônicas de amor de um pedreiro de Búzios'.
Os olhos transparecendo emoção, colocou em minhas mãos aquela obra, escrita por ele. O peso, não era comum. Carregava histórias de um andarilho apaixonado- cujo dom da escrita, como ele diz, surgiu em uma de suas 'visões'. 

Dez longos minutos de aprendizado e viagem para muitos lugares. 
A realidade me chamou de volta.
Não me importo... Voltei com mais um grande aprendizado!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Eu, flor-de-maio.

Sou daquelas flores mais sensíveis.
Linda e contagiante quando se rega todos os dias;
Sem brilho quando ignorada por um dia, que seja;
Murcha quando mal cuidada.

Necessito da luz do sol, da água, de energia e muito amor.
Gosto de toque, carinho, atenção.
Não ouse me podar, não me deixe exposta demais.
E principalmente, não me arranque para o seu buquê.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Desencontro

Quando fui, decidi por bem não olhar para trás.
Me parecia menos doloroso, torturante. Uma lágrima apenas escorreu, e essa deixei que secasse naturalmente, para marcar como uma cicatriz... Nunca mais ser esquecida.
Desde então fechei os olhos e pela primeira vez segui meu coração.
Sem saber se voei, se andei ou se corri... Sem saber os caminhos que percorri.
Me guiando apenas pelas boas sensações de autoconhecimento e paz interior.
Agora ouço você me chamar. Ora voz perto do ouvido, ora muito ao longe...
Ora vontade de responder, e ora de correr mais pra longe.
Quero ver os olhos de perto.


Agora busco a parte do caminho em que nos perdemos.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cegueira

Um sonho... Só mais um sonho dos tantos que perturbam mentes.
Não apenas a minha, mas também as que habitam nela.
Pés caminham em desarmonia. Triste caminhar para o nada.
Quem me acompanha? Sei, sinto... Mas não o vejo. 
Não tenho olhos... Não temos olhos!
Não nos vemos, não vemos nada. Existe algo ao redor? Sim.
Perdidos, ofegantes, desesperados...
Caminhar triste.
Busca intensa, sem rumo, sem foco.
Quem queremos achar? 
Por quem busco? Por mim? Por ele?
A quem devo o reconhecimento?
Será re-conhecimento?
Confusão mental... 
Busca por identidade própria, busca pela identidade do próximo.


Me perdi da minha cega companhia. Enxergo melhor agora. 
Visão embaçada me mostra-o caminhando ainda cego na direção oposta.
Cada vez mais longe,  visão cada vez melhor. Sei quem sou. 
Sei o que busco. Sorrio.
Triste.
Ainda o vejo caminhar em direções confusas, perdido.
Deixá-lo? No próprio tempo ele descobre seu interior.
Aproveita da escuridão para olhar para dentro, conhecer-se.


Por que ninguém na rua o ajuda? Por que riem?
Quero acolhe-lo. Cuidar... cuidar!
Não posso.
Apenas ele pode encontrar sua própria identidade e acabar com suas dúvidas.
Sem medo de ler-se. Sem medo de mergulhar na imensidão interior.
Sem medo do escuro, que quando enfrentado fica tão claro, tão lindo.


Auto-conhecimento, olhos para dentro e para fora, é pura magia.


Seguimos direções opostas... 
Cego desencontro.






sexta-feira, 20 de abril de 2012

Adeus, Laura.

Ela chegou sutilmente, me agradando.
Eu gostava. Alimentava-me de ambição.
Facilitava a interpretação do meu personagem.
Tomou conta de mim, dominou meus desejos,
Governou meus quereres, controlou meus pensamentos,
Comandou minhas ações, tiranizou minha alma.
Expôs minhas vísceras à luz mais nítida do dia, 
e me fez contorcer de desprazer.
Eu só soube que estava tudo errado 
quando minhas atitudes não sustentavam mais 
minha leveza.
Tudo o que tinha de mais lindo em mim 
terminou por me machucar por dentro e plantar no meu olhar 
uma tristeza de horizontes alcançáveis.
Meu personagem tomou conta de mim-atriz.
Vivemos juntas a tristeza que inventei. 
Até chegar no fundo de um poço, em que deixei-me trancar.
Ela viveu por mim. Reinou em meu corpo.


Parei. Sufoquei-a.
Jamais saberia que possuía essa força.
Jamais permitirei exercerem o domínio sobre meu ser mais uma vez.
Decidi matar a autora de dramas. (A minha intensidade não podia continuar servindo de tripé para tanta agonia.)


Abri as janelas, respirei, meditei, sonhei, escrevi, cantei, sorri, gargalhei, mergulhei, chorei, amei...
Aprendi a pontuar histórias, delimitar espaços, dissolver conflitos, definir minhas relações, e preservar o resto de sanidade que há em mim.


(Inspirado pela vida, e pela autora Marla de Queiroz)




domingo, 5 de fevereiro de 2012

Zeit.

Cansaço.
Não sei se corpo. Com certeza não só mente.
É duro crescer e ser refém daquilo que um dia escolheu pra si mesma. Aquela tatuagem que fizemos aos quinze, e brigamos com o mundo teimando que para sempre gostaria de tê-la.
O difícil nem é ter a tatuagem. É ter que admitir que o mundo estava certo... que talvez não fosse mesmo a hora de firmar um compromisso eterno quando nem se conhece o suficiente para isso. Que tudo não passava de um capricho de menina mimada, que queria chamar a atenção a qualquer custo.
E um dia acorda outra. Pensamento diferente. Amadurecimento.
Amadurecer nem sempre é legal quando não se gosta de 'dar o braço a torcer'. Porém, sabe que deve fazê-lo, afinal, agora é uma adulta!
Ah... e quantas vezes dá aquela vontade de voltar atrás e pensar melhor sobre as marcas na pele. E como causa medo pensar como ficaria sua aparência se não as tivesse...
Como não queremos viver em eterna dúvida, a saída (madura) é aceitar sua condição, sua escolha, e aprender com os atos do passado. Supermaduro isso, não?
Mas devo admitir (mais uma vez). São frequentes as vezes em que dá vontade de não levantar, espernear, chorar e pedir colo pra mamãe. "Manhêêê, o Tunico me bateu!". Ou melhor: "Manhêêê, a VIDA me bateu."

O mais triste de tudo isso, é o que erro continua constante.
Talvez um dia acorde, e não me arrependa de nada...
Talvez seja tarde.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sempre

Espera
Espreita
Esperta.

Suspeita
Sujeita
Surpresa.

Decepção
Desespero.
Separação
Silêncio.